segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Em quem pôr a culpa?

A rodada passou e a liderança foi embora. Torcedores mais exaltados e mais apreensivos a cada jogo, inconformados com outra derrota pesada do time que torcem (para ver todas elas, clique aqui), procuram os culpados pelo resultado negativo e esquecem-se da normalidade que é perder para o Internacional no Beira-Rio, um resultado já previsto na chamada classificação planejada.

A apenas um ponto de distância do líder, o Vasco (50) continua na briga pelo título do Brasileiro. Poderá perdê-lo. Mas também poderá ganhá-lo. Em caso de a conquista escapar, não será por conta do jogo de ontem ou de uma eventual derrota para o rival Flamengo na última rodada, como já especulam. Será por culpa daquele Vasco 1 x 1 Figueirense (4ª rodada), em São Januário, que teve gol de Aloísio aos 44' do 2º tempo. Será por culpa daquele Grêmio 1 x 1 Vasco (5ª rodada), com gol de Roberson aos 39' do 2º tempo. Será por culpa do 1x1, em casa, contra o Bahia (12ª rodada). E será por culpa de uma série de outros tropeços que um time que ambiciona a conquista nacional não pode ter. Um time com esse desejo não pode perder pontos para Figueirenses, Bahias e Américas (4x1), por exemplo.


"E o Vasco perdeu esses pontos por culpa do Cristóvão Borges, que não sabe mexer; Marcio Careca, que é o pior lateral-esquerdo do mundo; e Victor Ramos, reserva do Renato Silva", dirá esse mesmo grupo de torcedores exaltados com a emoção da derrota e cegueira da paixão pelo clube do coração.

Não foi por isso. O Vasco é, hoje, reconhecidamente, um time de futebol coletivo. Só quando o time inteiro vai bem, as qualidades individuais sobressaem, como já falava Ricardo Gomes. O time ganha e perde junto. Assim, seria injusto individualizar as responsabilidades.

Nota: Antes de prosseguir, uma pequena nota para críticos do interino. Cristóvão Borges assumiu o Vasco exatamente no início do 2º turno. Pegou o time quando era o 4º colocado, disputada toda a 1º parte do Brasileiro. Hoje, analisando-se apenas a tabela deste turno, o Vasco também é o 4º, da mesma maneira que Ricardo Gomes havia deixado. Somadas as campanhas dos dois turnos, o Cruzmaltino é o 2º na tabela.


Da mesma forma que Márcio Careca errou (e muito) contra o Corinthians, no 2x2 dentro de São Januário, rendendo-lhe sonoras vaias, Alecsandro - um dos heróis na final contra o Coritiba que rendeu o inédito título da Copa do Brasil - também falhou ao errar um tolo e inoportuno passe de calcanhar, que originou o 2º gol do rival, nesse mesmo duelo.

Diego Souza e Eder Luis, alguns dos pilares da boa campanha vascaína, erraram ao longo do Campeonato. O camisa 10 chutou os 3 pontos em cima do goleiro do Figueirense (23ª rodada), aos 45' do 2º tempo. O jogo acabou empatado por 1x1. Na 25ª, perdeu gol claro acertando a trave, de cabeça, no empate de 1x1 com o Atlético-GO, em São Januário. Nessa mesma partida, Eder Luis perdeu oportunidade claríssima de gol. Na sequência, Anselmo abriu o placar para o visitantes. Falha de marcação na zaga.

Até Dedé e Fernando Prass, que salvam diariamente o clube que defendem as cores, erraram. Naquela derrota de 3x0 para o Cruzeiro, em São Januário, o lance que originou o escanteio aconteceu após lambança de Prass. Na cobrança, falha de posicionamento defensivo. Já o 2º gol nasceu em cima do "Mito", em uma das raras vezes que foi batido (única que me recordo).

Quando o futebol do time flui, Diego Souza é capaz de se destacar e fazer 3 fantásticos gols, como ocorreu contra o Cruzeiro, em Sete Lagoas (3x0 para o Vasco). Ou contra o Santos, em São Januário, na vitória por 2x0 com um gol dele e outro de Dedé. Quando não flui, os mais habilidosos parecem apagar seus talentos com a bola e aprimorar outro tipo de dádiva, mais parecida com a camuflagem. Viram uma espécie de atores com medo do espetáculo e confundem-se com a grama, passando quase despercebidos pelo respeitável público.

O que acontece no Vasco não é única e exclusiva responsabilidade de A, B, C ou D. É resultado de um trabalho de todos. As obrigações ofensiva e defensiva começam onde está Fernando Prass e vão até Elton ou Alecsandro, de norte a sul do gramado. Espande-se de leste a oeste. Fazem parte das tarefas de cada jogador. A preocupação com a defesa começa no ataque e a mentalidade de atacar começa na defesa. No Vasco, como já dizia o jornalista e blogueiro Claudio Fernandez, é "um por todos e todos por Ricardo Gomes".

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