quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O futuro de Torres

Gol incrível perdido, expulsão e fracas atuações. Esse é o início de Fernando Torres com a camisa do Chelsea. Contratado por 58 milhões de euros junto ao Liverpool, na janela de transferências de janeiro deste ano, o jogador espanhol ainda não justificou a quantia milionária paga por Abramovich, proprietário do time londrino. O russo tornou El Niño a sexta mais cara contratação da história do futebol mundial. Antes, o atacante já havia movimentado 38 milhões (de euros) ao tranferir-se do Atlético de Madri para a equipe da Terra dos Beatles.

Fernando Torres, com a camisa dos "blues" no Campeonato Inglês, já fez 23 jogos (14 como titular). Foram apenas 3 gols marcados (1 na temporada 2010/11 e 2 na temporada 2011/12 ). Nesta temporada, participou de 7 partidas (6 vezes titular), mas em apenas 2 ocasiões atuou durante todos os 90 minutos. Em sua melhor partida, contra o Manchester United, derrubou sua boa participação ao perder um gol inacreditável, depois de ter driblado o goleiro. Pela Premier League, contra o Swansea, marcou mais um, mas foi expulso em seguida. Na Copa dos Campeões, ao todo, já foram 5 jogos (4 como titular) e nenhum gol.


Mesmo sem convencer, o Chelsea parece determinado a extrair o melhor do El Niño e fazê-lo repetir as vitoriosas passagens que teve em seus últimos clubes. Ele continua entre os titulares de Stamford Bridge. No entanto, as especulações em torno do futuro do atacante começam a surgir.

1) Há rumores, na imprensa italiana, de que o espanhol poderia ser trocado por Robinho, do Milan-ITA. Já na Inglaterra, a informação é praticamente a mesma, porém o nome mais forte para uma possível troca é de Alexandre Pato. O ex-santista teve uma apagada passagem pelo Manchester City e é visto sob desconfiança.

2) Mario Gomez, atacante do Bayern de Munique, seria o preferido de Villas-Boas para a vaga de Torres. Segundo a imprensa, o treinador portugês estaria preparando uma oferta de 40 milhões de euros pelo internacional da Alemanhã. A investida seria feita em janeiro, quando a janela reabre.

Super Mario foi comprado por 30 milhões de euros, junto ao Stuttgart, em agosto de 2009. Só nesta temporada, entrou em campo 11 vezes e marcou 12 gols, contando jogos da Bundesliga, Copa dos Campeões e Copa da Alemanha. Temporada passada, nas mesmas competições, em 45 jogos (37 como titular) marcou 39 gols. Números impressionantes. Ainda mais se comparados aos de Fernando Torres.

A contratação do alemão pode ser, também, uma solução para o ataque do Chelsea. El Niño não é jogador de referência como Mario Gomez é. Ele atua melhor quando tem liberdade para cair pelos lados do campo, o que não ocorre com o estilo de jogo de Villas-Boas. O técnico tem utilizado jogadores abertos pelos lados do campo, criando a necessidade de Torres ficar centralizado no ataque, como referência para a equipe.


Próximo jogo da Premier League, El Niño estará fora, cumprindo suspensão. Com todo o esforço dos "blues" em fazer o espanhol render seu melhor, talvez Torres não saia. Uma série de boas exibições pode (e deve) assegurar seu lugar em Stanford Bridge. Não acredito que ele vá sair do Chelsea em janeiro, mas, no momento, com a fase em que se encontra, não parece ser exagero especular uma possível transferência do atacante, não acha?

Cariocas prejudicados no Brasileiro

Na última quinta-feira, por volta de 11h00m, em um hotel da Zona Sul do Rio de Janeiro - mais precisamente o Sheraton - Mano Menezes divulgou a lista dos convocados para os amistosos contra Costa Rica e México. Confira os selecionados:

Goleiros: Júlio César (Internazionale-ITA), Jefferson (Botafogo) e Neto (Fiorentina-ITA)
Zagueiros: Thiago Silva (Milan-ITA), David Luiz (Chelsea-ING), Dedé (Vasco da Gama) e Réver (Atlético-MG)
Laterais: Daniel Alves (Barcelona-ESP), Fábio (Manchester United-ING), Marcelo (Real Madri-ESP) e Adriano (Barcelona-ESP)
Volantes: Lucas Leiva (Liverpool-ING), Fernandinho (Shakthar-UCR), Sandro (Tottenham-ING), Elias (Sporting-POR), Hernanes (Lazio-ITA) e Luiz Gustavo (Bayern de Munique-ALE)
Meias: Lucas (São Paulo), Oscar (Internacional) e Ronaldinho Gaúcho (Flamengo)
Atacantes: Neymar (Santos), Fred (Fluminense), Hulk (Porto-POR), Jonas (Valencia-ESP) e Kléber (Porto-POR)

Iniciada a coletiva, após a relação de jogadores chegar ao conhecimento da imprensa, Mano Menezes tratou, imediatamente, de esclarecer que, para não prejudicar em demasia os clubes no Campeonato Brasileiro, estava chamando, apenas, um jogador de cada time. Ao todo, 8 atletas que atuam no Brasil vindos de 8 equipes diferentes. Até aí tudo bem. À primeira vista, um pensamento bem razoável. Porém, à uma segunda análise, algumas polêmicas.

1) A ausência de jogadores do Corinthians:

O primeiro grande detalhe notado foi a ausência de corintianos na convocação. Normalmente chamados pelo treinador do Brasil, desta vez, nenhum foi incluído. Retirando o Timão, todos os 7 primeiros do Brasileirão tiveram um convocado, o que agrava as desconfianças de um possível favorecimento à equipe do Parque São Jorge, já que a mesma poderá jogar completa, enquanto os concorrentes ao título terão desfalques importantes.

Não creio que Mano tenha agido de má fé. A maioria dos jogadores de times brasileiros que foram lembrados merece estar na Seleção. Desta lista, poucos são os questionáveis. Diria que apenas dois: Réver e Fred.

Nota: Mano justificou que não convocou Lúcio para dar uma continuidade na Seleção a David Luiz, que, no início, vinha fazendo boa dupla com Thiago Silva. Segundo ele, não faria sentido convocar o veterano do Internazionale para que não jogasse. Assim, pode-se explicar a convocação de Réver, já que Dedé vem sendo lembrado.

Ralf, do Timão, vinha sendo chamado para substituir Sandro, do Tottenham-ING. Como o volante do clube inglês voltou de lesão, passou a ser chamado novamente, o que demonstra coerência por parte do treinador e explica a falta de atletas do time paulista na Seleção. De qualquer forma, é uma polêmica que poderia ter sido evitada.


2) O calendário do Brasileirão:

Esse sim é o pior, na minha opinião. Possivelmente, feito de má fé. Vasco, Botafogo e Flamengo jogarão, conforme a CBF divulgou, no dia 12 de outubro, ou seja, um dia após o amistoso contra o México (dia 11). Dessa forma, os atletas cedidos pelos 3 não terão tempo hábil de voltar aos seus clubes e disputar os jogos do Brasileirão. Já os outros 5 (São Paulo, Atlético-MG, Fluminense, Santos e Internacional) atuarão, somente, no dia 13, sendo possível a participação desses jogadores cedidos. Logo, o trio do Rio de Janeiro sai, claramente, prejudicado em relação aos demais e em um momento crucial da competição. Do Estado, só o Flu escapou.

Obviamente, a rodada deveria ser disputada no mesmo dia por todos. Jefferson perderá a partida contra o Corinthians, Ronaldinho ficará de fora do confronto com o Palmeiras e Dedé perderá o duelo com o Atlético-PR. Ricardo Teixeira vai ficar devendo uma explicação.

Ricardo Teixeira, presidente da CBF: muito o que explicar.
Nota: O caso do goleiro botafoguense é ainda mais curioso, pois Mano Menezes convocou 3 jogadores para a posição. Dentre eles, Neto, da Fiorentina-ITA. O presidente Maurício Assumpção comentou sobre o assunto e faço minhas as palavras do mesmo:
— Questiono a decisão do Mano de levar três goleiros. Ele já está levando o Julio Cesar e, se quer testar aquele outro lá de fora (Neto), por que então chamou o Jefferson? Num momento importante, perco o meu goleiro em dois jogos decisivos (Bahia e Corinthians). Se é para ficar lá treinando, prefiro que treine aqui comigo.



Veja outras declarações:

José Hamilton Mandarino, vice de futebol do Vasco da Gama:

— Acho que esse critério, ou não critério, foi surpreendente. Estamos entrando num momento decisivo do Campeonato Brasileiro. Alguns dos principais protagonistas contribuem com um jogador para a seleção, e a exceção fica por conta do Corinthians. Vou fazer uma crítica agora suave: acredito que houve uma enorme desatenção por parte do Mano Menezes.


Isaías Tinoco, gerente de futebol do Flamengo:

— Não estou sugerindo que o Mano Menezes é desonesto, mas acho que ele poderia evitar essa polêmica. O Corinhtians está sendo beneficiado e o Flamengo perde a sua principal peça

Peter Siemsen
, presidente do Fluminense (e único a não entrar na polêmica):

— Se o Corinthians não tivesse nenhum jogador convocado e o Mano levasse três do Fluminense, eu ficaria revoltado. Mas, como não é o caso, o Mano tem o meu apoio, embora eu admita que essa convocação enfraquece o elenco do Fluminense

A confirmação do calendário dos jogos foi feita em uma sexta-feira, dia 23/09. As declarações foram do dia 24/09. Daí, talvez, explique-se o comentário de Peter Siemsen, diferente dos demais, os quais criticaram a convocação. Embora eu ache que não, posso estar me equivocando.
 
E você, o que acha? Não estariam, realmente, os 3 times cariocas sendo prejudicados?

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Diego Souza e Borges

Faltando pouco tempo para que Mano Menezes anuncie a lista de convocados da seleção brasileira, dois nomes são fortes para aparecer pela primeira vez entre os selecionados do treinador: Diego Souza e Borges. Nos bastidores, a chamada da dupla é dada como certa.

Caso esses jogadores sejam, de fato, chamados, será uma recompensa pela boa temporada que vem fazendo. Diego Souza oscila muito no Vasco da Gama. Alterna partidas fracas, apagado - como a penúltima contra o Figueirense, na qual perdeu um gol incrível no fim do jogo - com momentos de genialidade, como ocorreu na última partida que colocou o Gigante da Colina na liderança. O meia-atacante foi crucial para a vitória de seu time. Até agora, no Brasileirão, o camisa 10 cruzmaltino fez 19 partidas (17 como titular), marcou 5 gols, levou dois cartões amarelos e 1 vermelho. Na Copa do Brasil, a qual foi decisivo, sobretudo, no jogo da Ressacada contra o Avaí, fez 3 gols em 9 jogos (todos como titular). Nessa competição não levou cartões.


Já Borges é um dos grandes destaques do Brasil. Desde que foi contratado pelo Santos para a disputa do Campeonato Brasileiro, o jogador participou de 21 partidas - todas elas como titular - e anotou impressionantes 18 gols. Uma média de, aproximadamente, 0,85 gol por partida. Recebeu um cartão amarelo. Pelo Grêmio, outro clube que defendeu neste ano, apareceu em 7 ocasiões na Copa Libertadores (todas titular), marcou 3 gols e recebeu um cartão vermelho direto, sem amarelo. No Campeonato Gaúcho foram 14 jogos (12 como titular) e 8 gols.


O maior problema na chamada de Borges para defender a Seleção, no entanto, é sua idade, considerada já avançada. O atacante, no dia 5 de outubro, daqui a exatas 2 semanas, fará 31 anos. Porém, com o futebol que o santista tem jogado, é impossível não lembrá-lo. Será a primeira vez que o jogador vestirá a amarelinha.

A convocação sai 11h00m, em um hotel no Rio de Janeiro. Além da lista para o Superclássico das Américas, que será disputado dia 28, em Belém, contra a Argentina, Mano Menezes divulgará uma segunda lista, com os convocados para enfrentar a Costa Rica, dia 7, e México, dia 11 de outubro.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O Internazionale de Gasperini

Já faz quase 2 meses que o Inter de Milão não sabe o que é vencer. A última vitória foi no dia 30 de julho, por 2x0, contra o Celtic, em um jogo amistoso. Considerando, apenas, os confrontos válidos por competições nacionais ou européias, tem quase 4 meses (dia 29/05, por 3x1, contra o Palermo). Desconsiderando os amistosos, o time ainda não venceu na temporada e amarga um início catastrófico sob o comando de Gasperini, que adotou o esquema 3-4-3. São 4 derrotas e 1 empate.

30/07 - Amistoso: Internazionale 2 x 0 Celtic
31/07 - Amistoso: Internazionale 0 x 3 Manchester City
06/08 - Supercopa da Itália: Internazionale 1 x 2 Milan
21/08 - Amistoso: Internazionale 2 x 2 Olympiakos
11/09 - Série A: Palermo 4 x 3 Internazionale
14/09 - Copa dos Campeões: Internazionale 0 x 1 Trabzonspor
17/09 - Série A: Internazionale 0 x 0 Roma
20/09 - Série A: Novara 3 x 1 Internazionale

Sob forte pressão, Gasperini não deve durar até a próxima partida do Internazionale.
No jogo de ontem, contra o Novara, os titulares do treinador foram: Júlio César; Chivu, Ranocchia e Lúcio; Nagatomo, Sneijder, Cambiasso e Zanetti; Forlán, Milito e Castaignos. O esquema foi o mesmo das últimas partidas, o 3-4-3. Aquele que Guardiola utilizou contra o Villarreal. A única diferença é que no Barcelona deu certo e no Inter não.

Em um 3-4-3 bem jogado, o zagueiro do centro, o jovem Ranocchia, no caso, contratado por 12,5 milhões de euros junto ao Genoa, jogaria um pouco mais recuado que os demais (na cobertura), os quais avançariam um pouco para marcar à frente. Ou o contrário. O mesmo Ranocchia poderia avançar um pouco, como se fosse um cabeça-de-área, e deixar os outros dois (Chivu, na esquerda, e Lúcio, na direita) mais recuados. Não foi isso que aconteceu. Os 3 defensores jogavam em linha e, constantemente, levavam bola nas costas (linha defensiva alta). O goleiro Júlio César era quem tinha que se antecipar e fazer o papel de líbero para cobrir os espaços deixados atrás de sua zaga.

O meio-campo do Barcelona que obteve sucesso foi formado em losango, com Keita mais atrás protegendo a zaga. Fàbregas na esquerda, T. Alcântara na direita e Iniesta à frente. No Inter, as mesmas funções deveriam ficar distribuídas, respectivamente, para Cambiasso, Nagatomo, Zanetti e Sneijder. No entanto, os jogadores do time italiano não tiveram a mesma facilidade que os barcelonistas de se adequar às novas funções, o que evidencia o grande trabalho que Guardiola vem fazendo. Em um esquema que a capacidade de desempenhar várias funções é imprescindível, o Internazionale não se mostra capaz de ir adiante. Seu elenco não está acostumado à tanta versatilidade. Já o Barça vem implantando essa filosofia há alguns anos até que atingiu o nível exemplificado na estréia do Espanhol.

A falta de entrosamento foi notável. A equipe errava muitos passes e não criava jogadas de perigo. No gol, foram 9 finalizações do Novara contra 2 do Internazionale. O time estava completamente desorganizado em campo com a formação adotada.

A dupla de "volantes" Sneijder e Cambiasso parecia perdida. Os dois erravam muitos passes e não sabiam onde se posicionar. O primeiro não conseguia nem marcar, nem criar as jogadas. Enquanto isso, o esquema 4-3-3 do adversário dava muito trabalho. Com 3 atacantes - dois deles bem abertos (Marimoto e Meggiorini) - o Novara criava situações de um contra um e explorava bem a linha defensiva alta adversária. Observe nos melhores momentos abaixo:


É perceptível, também, a incapacidade dos meias que ocupam as pontas de cobrir os flancos. Assim, as laterais se tornavam avenidas propícias para os adversários atacarem, originando situações de perigo. O 3º gol, originado na direita, em jogada de Marimoto é um claro exemplo. Nagatomo e Zanetti não acompanhavam o suficiente e o trabalho de marcação estava sobrecarregado em cima dos meias centrais, os quais não conseguiam se encaixar. O inter ficou em inferioridade numérica no ataque, meio e defesa, pois o rival era muito mais organizado defensiva e ofensivamente. Veja na foto abaixo como Sneijder e Cambiasso retornam sobrecarregados. Os jogadores dos flancos não chegam nem a aparecer na foto. Ao mesmo tempo, Lúcio (o zagueiro que está mais em cima da imagem) está muito longe do atacante na entrada da área.


Com a série de resultados ruins e o time jogando mal (8 jogos, 15 gols sofridos, 9 marcados), perdendo para um modesto Novara, que não atuava na Série A desde a década de 50, e - em casa - para o Trabzonspor, parece muito provável que Gasperini mude a tática da equipe, pois está óbvio que seus comandados não estão respondendo da forma correta sob esta formação. Isso, é claro, se ele durar até a próxima partida. E parece provável que não dure. Como o próprio Moratti falou: "Gasperini não tem o time na mão".

domingo, 18 de setembro de 2011

O jogo do inacreditável

Neste domingo, 12h00m do horário de Brasília, o Manchester United derrotou o Chelsea em Old Trafford (3x1), pela 5ª rodada da Premier League. Ao final do primeiro tempo, os donos da casa já tinham aberto uma confortável vantagem de 3 gols de diferença. Incrivelmente, o dilatado e expressivo placar não condizia com o que era a partida. Difícil imaginar que uma equipe que está a vencer por 3x0 foi dominada durante toda a primeira etapa. Confira os números do 1º tempo:

Dados Manchester United Chelsea
Finalizações (no gol) 4 (3) 12 (5)
Faltas cometidas 5 8
Escanteios 1 3
Posse de bola 56% 44%

Como os próprios números mostram, os únicos 3 chutes do Manchester que foram na meta, foram gols. E eles aconteceram em ocasiões isoladas, nas poucas oportunidades que os "red devils" tiveram. Bom aproveitamento da equipe de Sir Alex Ferguson, a qual chegou aos 21 marcados em 5 partidas do Campeonato Inglês.Veja os gols:


Os 5 jogadores de meio do Chelsea, que jogou no 4-2-3-1, povoavam bem o campo de defesa do adversário. Ramires e Raul Meireles faziam a dupla de volantes atrás, Lampard ficava mais à frente centralizado, Mata era o ala-esquerda e o atacante Sturridge atuava aberto na ala-direita. Fernando Torres era a referência no ataque. Veja a escalação: Cech; Ashley Cole, Ivanovic, John Terry e Bosingwa; Ramires e Raul Meireles; Mata, Lampard e Sturridge; Fernando Torres.

A inferioridade numérica no meio-campo gerava problemas ao United, que foi a campo em um 4-4-2. De Gea; Evra, Evans, Phil Jones e Smalling; Ashley Young, Anderson, Fletcher e Nani; Rooney e Javier Hernandez. Esses foram os 11 titulares nesta partida. Com dificuldades de sair da marcação pressão exercida pelos "blues", os quais pressionavam a saída de bola com seus jogadores de frente, o Man U achou um gol logo no início, aos 7 minutos, originado por uma cobrança de falta de Ashley Young. O ponta-esquerda cruzou na medida para Smalling - impedido - cabecear.

O Chelsea mantinha o estilo de jogo e quase chegou ao empate. Ramires recebeu belo passe de Torres e perdeu chance incrível. Já o Manchester não desperdiçava. Nani recebeu boa inversão de jogo na direita, conduziu a bola para o meio e soltou uma bomba indefensával para Cech, de fora da área. 2ª chegada dos "reds", 2º gol. Nota-se que, no início da jogada, Nani também estava em posição irregular. De novo, o bandeirinha não viu e nos primeiros 45 minutos nenhum impedimento foi assinalado.

O dia não era mesmo dos "blues". Antes do fim do 1º tempo, o Man U ainda faria outro. Tentando afastar o perigo, John Terry - caído - chutou a bola, dentro da área, em Nani, o qual - sem querer - acabou assistindo para o gol de Wayne Rooney. 9º gol do atacante em 5 jogos da Premier League. Quase dois por partida. A derrota pesada não refletia o que era confronto.

Para o 2º tempo, o técnico André Villas-Boas retirou Lampard e voltou ao gramado com Anelka em seu lugar. A alteração deslocou Mata da esquerda para o centro, como organizador de jogo, e moveu Anelka para a posição do espanhol. Deu certo. Com 30 segundos de bola rolando, o francês deu belo passe entre os zagueiros para El Niño finalizar com categoria por cima do goleiro De Gea.

A substituição deixou os londrinos mais expostos e o time de Manchester começou a ter mais oportunidades de gol. Mais ofensivo, o Chelsea dava mais espaços para o Man U atacar. O inspirado Nani aproveitou essas chances e, em outra bomba de fora da área, acertou o travessão. No rebote, sofreu um pênalti. Rooney foi cobrar, escorregou e isolou a chance do United de matar a partida. Inacreditável. Veja o vídeo:


Rooney escorrega e desperdiça pênalti sofrido por Nani.



Sem sofrer o 4º, o Chelsea continuava vivo e poderia continuar sonhando com a busca do empate ou até da virada. Foi o que tentou fazer, mas a bola não entraria. Torres - que se movimentava bem, marcou bonito gol, deu passe excelente para Ramires, finalizava com perigo e fazia sua melhor partida com a camisa azul - voltou a ser aquele atacante questionado, o qual não justifica o investimento milionário que foi feita em cima de sua contratação - 6ª maior da história. Para quem achou incrível a penalidade de Wayne Rooney, o gol perdido por Torres foi inexplicável. Inadmissível para um camisa 9 do Chelsea que custou 58 milhões de euros. Sem goleiro, finalizou para fora.

Gol perdido por Fernando Torres arranca risos dos torcedores do Manchester em Old Trafford. Atacante se lamenta em campo.
O chute para fora, aos 83 minutos, destruiu a atuação segura do espanhol, que não marcava desde abril. Veja abaixo o vídeo da chance perdida por El Niño:


Ainda havia tempo para mais. Berbatov, um dos artilheiros da última Premier League e atual reserva do Manchester, entraria em campo no lugar de Chicarito para se juntar ao seleto grupo comandado por Ramires, Rooney e, claro, Fernando Torres. O búlgaro, já nos últimos minutos de jogo, recebeu ótimo passe do camisa 10 dos "red devils" e finalizou fraco, sem goleiro. Ashley Cole chegou a tempo de cortar e evitar um placar mais elástico. Veja:

O movimentadíssimo clássico inglês entre "reds" e "blues" assim terminou: 3x1 para um Manchester United que, quando foi dominado inteiramente pelo adversário, marcou 3 gols. Quando equilibrou a partida, sofreu 1 e não converteu. Nem quando teve pênalti a seu favor e chance clara sem goleiro. Assim como fez Torres, minutos antes. Jogaço que leva o Man U para a ponta da tabela: 5 jogos, 5 vitórias, 21 gols marcados, 4 sofridos. 100% de aproveitamento e líder isolado, já que o rival da mesma cidade, Manchester City, cedeu o empate de 2x2 para o Fulham, depois de estar ganhando por 2x0. O Chelsea fica em 3º lugar, com 10 pontos. Confira como ficaram os números do jogo, após o 2º tempo:

Dados Manchester United Chelsea
Finalizações (no gol) 12 (7) 20 (9)
Faltas cometidas 11 12
Escanteios 4 10
Impedimentos 2 0
Posse de bola 57% 43%

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Pep inovador

Josep Guardiola, há pouco tempo, tornou-se o treinador mais vitorioso da história do Barcelona com 12 títulos oficiais conquistados (superou Cruyff, com 11). O atual técnico implantou um estilo de jogo que tornou o time catalão, praticamente, imbatível nas últimas temporadas e o exemplo mais radical dessa maneira de jogar foi visto pelo mundo na abertura do Campeonato Espanhol, quando o Barça derrotou o Villarreal por 5x0, atuando com diversos desfalques. Confira os gols:



Sem seus zagueiros, Piqué e Puyol, Guardiola optou por compor uma zaga utilizando Busquets, Mascherano e Abidal, o qual começou a carreira nesta posição, mas vem jogando como lateral-esquerdo. Os dois primeiros são volantes improvisados na função. Dessa maneira, os 11 titulares na ocasião foram: Valdés (goleiro), Abidal (zagueiro), Mascherano (meio-campo), Busquets (meio-campo), Fàbregas (meio-campo), Keita (meio-campo), Thiago Alcântara (meio-campo), Iniesta (meio campo), Pedro (atacante), Messi (atacante) e Aléxis Sánchez (atacante). A surpreendente escalação tornava quase impossível dizer em qual esquema o time seria formado dentro de campo.

Surpreso com a variabilidade tática do time catalão, procurei algumas análises a respeito desta partida e encontrei uma, em inglês, que me agradou muito. Baseado nela, falarei sobre os principais pontos que determinaram a inesperada goleada catalã. Quem quiser ler o texto original, clique aqui.

O jogo:

O Villarreal era apontado por muitos como um time capaz de criar grandes dificuldades ao Barcelona. A partida disputada na última temporada entre as duas equipes reforçava esse pensamento. Naquela ocasião, no Camp Nou, os donos da casa venceram por 3x1, mas o confronto foi muito equilibrado e teve chances de gol iguais para os dois lados. Naquele mesmo jogo, o Villarreal tinha idéia de como o Barça iria para o campo e tinha armado sua equipe para minimizar os pontos fortes do adversário. Desta vez, o Submarino Amarelo tentou fazer a mesma coisa.

Usando uma potencial crise na defesa por falta de jogadores, Guardiola apropriou-se de uma circuntância que causaria sérios problemas para grande parte dos clubes da elite européia e criou um sistema altamente dinâmico, capaz de superar a ausência de atletas cruciais. O novo estilo de jogo desenvolvido por Pep fez com que o Villarreal perde-se suas referências de como operar. O time amarelo era montado para neutralizar os pontos fortes do rival. Sem saber como o adversário jogaria, ficaram perdidos. Esse dinamismo mostrado pelos jogadores do Barcelona, possivelmente, não era visto desde Cruyff no Ajax.

Villarreal:

Para entender o resultado desta partida, é necessário entender, primeiramente, como funciona o esquema tático do Villarreal. Eles fazem uma mistura de 4-2-2-2 com 4-4-2 no ataque. A grande vantagem dos dois atacantes é o desenvolvimento das jogadas ser mais próximo do gol. No entanto, a utilização desses dois avançados significa um número menor de jogadores no meio-campo ou na defesa. Essa é uma das limitações do 4-4-2 (meio mais vulnerável). Procurando amenizar essa vulnerabilidade, foi desenvolvido o 4-2-2-2, o qual procura aumentar a ocupação do meio-campo, colocando os alas no interior. Dessa maneira que o Brasil de 1982, na Copa do Mundo, jogava. O sistema passou a ser uma referência no país.

Nota: Por essa razão, o Brasil tem produzido uma quantidade tão grande de laterais que buscam ocupar o flanco inteiro, nos últimos anos, como Daniel Alves, por exemplo. É dessa forma que ele atua no Barcelona. É uma consequência da influência do 4-2-2-2 no país.

Há, porém, uma fraqueza nessa tática. Ela pode ser tornar extremamente estreita, pois os únicos jogadores que estão nos flancos são os laterais, que precisam ocupá-lo por inteiro. Essa limitação torna-se uma deficiência no ataque, por falta de largura, e na defesa, pois, constantemente, criam-se lacunas e surgem jogadas de 1 contra 1 ou 2 contra 1 nos espaços deixados.

Para balancear os dois sistemas (4-4-2 e 4-2-2-2), o Villarreal procurou fazer um misto das duas táticas. Os dois alas movem-se para as posições interiores para controlar o meio-campo e quando necessário ampliam seu posicionamento novamente. Nota-se, ainda, que o meio-campista avançado da esquerda joga de forma mais ampla que o da direita.

O segundo ponto dessa estratégia é o posicionamento dos atacantes. No Villarreal, Nilmar e Rossi não jogam próximos. Eles jogam afastados, quase como alas, de forma que isolem os avançados mais habilidosas da marcação dos zagueiros e volantes adversários.

Essa maneira de atuar do Villarreal tem permitido que a equipe desenvolva superioridade numérica contra adversários que atuam em diferentes esquemas táticos, como 4-3-3 e 4-2-3-1. O posicionamento dos meias avançados e dos atacantes ainda evita que se tornem  extremamente estreitos. Quando necessário, um atacante (ambos jogam largo) sobe ao meio para compor os espaços deixados ou os meio-campistas abrem seu posicionamento.

É essa estratágia que tem resultado no sucesso amarelo nos duelos contra o Barcelona. A grande força do Barço tem sido o meio-campo. Congestionando esse setor, surge a dificuldade de criar jogadas de perigo. Observe na figura 1 como funciona o quadrado formado por Bruno, Marchena, Valero e Cani, envolvendo os barcelonistas Messi, Iniesta e Fàbregas. Nota-se, também, o posicionamento do meia-avançado na esquerda, um pouco mais aberto, como foi dito acima, constituindo um esquema assimétrico.


A limitação para o sistema do Villarreal, porém, é que ele pede aos seus dois meias avançados para jogar quase duas posições de uma só vez. Eles precisam ser meio-campistas centrais e alas. Acima, pode-se observar o posicionamento de Cani, que não consegue fechar, completamente, o quadrado no centro, pois precisa anular a ameaça que é deixar Thiago Alcântara livre. Os meias avançados precisam ser rápidos o suficiente para se movimentar do centro para os flancos e vice-versa, principalmente, na hora de defender. Cani, na figura, precisa se manter na posição que está para que Thiago não corra verticalmente em direção ao gol, criando uma situação de 1 contra 1, como já foi falado.



Na imagem acima, mais um exemplo do Villarreal tentando manter o formato no meio-campo. Dessa vez, para pressionar a saída de bola do adversário. Nessa imagem, a fraqueza tática do Villarreal é, claramente, evidenciada. Percebe-se que, no topo e na parte de baixo, ou seja, em ambos os flancos do campo, há jogadores do Barcelona livres, o que resulta do estreitamento do 4-2-2-2. Os meio-campistas avançados tem que correr longas distâncias (do centro para o flanco) para cumprir todas as tarefas táticas que são cobrados. Além do risco de fadiga, há grande chance de, em determinado momento, não serem capazes. Observe a distância de Cani para Alexis Sánchez, no topo.

Analisadas as fotos, pode-se dizer que o caminho mais fácil para bater o Villarreal é utilizar a largura e provocar o cansaço dos meias mais habilidosos e criativos, que são muito exigidos fisicamente, com essa formação. Sem Daniel Alves e Adriano, boas fontes de largura, como o Barcelona seria capaz de explorar tão bem os flancos?

Barcelona:

A maioria dos treinadores do mundo procuraria peças de reposição parecidas. Seguindo esse pensamento, os substitutos para Piqué e Puyol seriam os jovens Fontás e Bartra. Contudo, Guardiola não quis utilizar dois inexperientes defensores de imediato e deixou-os no banco de reservas. Ao anunciar quais seriam os titulares, a primeira pergunta feita por todos era a respeito do esquema tático que seria usado. Inútil. O futebol que o Barcelona demonstraria não era baseado em estruturas, mas sim em dinamismo.

1) 3-1-3-3
2) 3-4-3 com um losango no meio-campo
3) 3-2-2-3
4) 3-3-1-3


Todas essas eram formações possíveis, de acordo com os jogadores que estariam em campo. O Barcelona alinhou-se em todas elas e, ao mesmo tempo, em nenhuma delas. Guardiola levou seu estilo de jogo fluido e dinâmico ao extremo, tornando a formação tática como algo secundário.

Tomando o 3-4-3 losango como formação base, pode-se dizer que o esquema adotado pelo Barça foi atípico. O 3-4-3 corre para o mesmo problema do 4-2-2-2: pode torna-se estreito. Em uma tentativa dos meio-campistas se conectarem uns com os outros, eles tendem a se aproximar e afunilar no meio. No caso do Barcelona, isso não ocorreu. Eles jogavam colados à lateral e formavam um triângulo para atacar o Villarreal na sua principal fraqueza: a largura.

No futebol, o controle do espaço é fundamental para vencer. O que a maioria das equipes têm feito é enfatizar a forma como o time se dispõe dentro de campo, isto é, privilegiar o esquema tático (4-4-2, 4-2-2-2, 4-2-3-1, 3-5-2, etc...). Aí está o diferencial do Barcelona, implantado pelo atual treinador. Uma forma de redimensionar o espaço é ter a bola nos pés. Essa é a política de Guardiola. Por isso, o time de Pep sempre tem maior posse que o adversário e faz, diariamente, treinos para manter o domínio da mesma, como Daniel Alves já disse em entrevista. Com a bola, é possível controlar o espaço. O técnico catalão também faz usa de uma marcação pressionante, exatamente para recuperá-la.

Todo sistema, seja ele qual for, exige uma estrutura e uma dinâmica. Desde que assumiu o comando do Barcelona, o que Guardiola vem fazendo é libertar seu time de uma estrutura e aumentar o dinamismo. Foi o que ocorreu nesta partida. Perdeu-se os jogadores de trás, criou-se um problema estrutural, mas a maior fluidez permitiu que a dificuldade fosse superada. Ao invés de lançar os jovens reservas ao jogo e consertar, diretamente, a estrutura, Pep decidiu jogar mais dinamicamente usando a bola. Deu muito certo.

Javier Garrido acreditava que o Barcelona dependeria da sua estrutura (a que usou nos últimos confrontos), pensou que seu quadrado no meio-campo congestionaria o setor, criaria dificuldades para o desfalcado Barça, Nilmar e Rossi afastados isolariam os defensores barcelonistas. O que mais havia para fazer? Nada. O Barça de Guardiola parece anos à frente dos outros times. Tão à frente que se desprende de táticas.

Guardiola, em tempos de jogador, recebendo instruções do técnico Cruyff. O contato entre os dois justifica as influências táticas do holandês no atual trabalho desenvolvido por Pep no comando do Barcelona.
A impressão que Guardiola deixa e de já ter imaginado essa maneira de jogar há muito tempo. Aproveitou um momento em que não contaria com seus principais defensores para colocar em prática. Toda a filosofia de ter a bola nos pés e o estilo de marcação podem ser direcionados para uma forma de futebol há muito tempo não vista. Desde que jogava para Cruyff. Há uma grande coerência que liga todo o caminho do trabalho de Pep Guardiola até então.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A seleção de Mano

Muito criticado por não estar conseguindo os resultados desejados e que o povo brasileiro se acostumou, Mano Menezes, certamente, não passa por um bom momento na Seleção. A nova polêmica envolvendo o treinador é a lista de convocados para o amistoso contra a Argentina, que será realizado no dia 14 de setembro, em Córdoba.
Mano Menezes: a cada dia mais criticado. Desta vez, a causa foi a lista de convocados divulgada após a vitória sobre Gana, por 1x0.

O técnico da Amarelinha deixou de fora alguns jogadores que vem se destacando por seus clubes e estão, há tempos, sendo cotados para atuar internacionalmente pelo Brasil. É o caso, por exemplo, de Elkeson (Botafogo), Willians (Flamengo), Arouca (Santos) e Borges (Santos). Em contrapartida, Mano convocou atletas que poucos esperavam, como Renato Abreu (Flamengo) e Cícero (São Paulo). Confira abaixo a lista completa:

Goleiros: Fábio (Cruzeiro), Rafael (Santos) e Jefferson (Botafogo)
Laterais: Bruno Cortês (Botafogo), Mario Fernandes (Grêmio), Kleber (Internacional) e Danilo (Santos)
Zagueiros: Rhodolfo (São Paulo), Réver (Atlético), Dedé (Vasco da Gama) e Henrique (Palmeiras)
Volantes: Casemiro (São Paulo), Paulinho (Corinthians), Ralf (Corinthians) e Rômulo (Vasco da Gama)
Meais:
Renato Abreu (Flamengo), Ronaldinho Gaúcho (Flamengo), Thiago Neves (Flamengo), Oscar (Internacional), Lucas (São Paulo) e Cícero (São Paulo)
Atacantes: Fred (Fluminense), Leandro Damião (Internacional) e Neymar (Santos)

A partir dos selecionados, pode-se fazer inúmeras indagações a respeito do treinador do Brasil. Se a proposta de Mano Menezes é renovar a seleção do país, por que Renato Abreu, 33, e Kléber, 31, figuram entre os convocados? Qual o motivo de Fred estar na seleção se Rafael Sóbis e Rafael Moura, seus companheiros de clube, estão fazendo mais gols no Brasileirão? Por que Henrique, que acabou de chegar no Palmeiras, foi chamado se Thiago Heleno tem se destacado mais? Por que convocar apenas 3 atacantes se o Brasil joga com esquemas muito ofensivos, como 4-3-3 e 4-2-3-1? Essas são apenas algumas das muitas questões possíveis, mas nenhuma delas é a mais importante.

Por que convocar para um amistoso (leia-se "um treino", "uma possibilidade de testar atletas e formações passíveis de melhorar as exibições fracas que o time tem feito") jogadores que nunca mais irão vestir a camisa do Brasil? O que os brasileiros e o próprio Mano Menezes ganham com isso? Esses sim são os questionamentos mais importantes.

A idéia de fazer uma competição clássica contra os hermanos é boa. Chamar jogadores que atuam no Brasil também. Porém, há atletas convocados que, obviamente, não possuem condição de ter sequência na seleção. Enquanto isso ocorrer, o time de Mano continuará sem cara, corpo e alma. São 14 jogos e apenas 19 gols marcados. Muito pouco para uma equipe que costuma jogar com 3 atacantes. Alguma coisa deve estar errada, não acha?

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sobreviverão?

A frase "Sobreviveremos sem Fàbregas se estivermos unidos.", de Arsene Wenger, ainda gera grande desconfiança quanto a sua veracidade. Principalmente, depois de o time londrino ter sofrido a emblemática derrota de 8x2 para os rivais de Manchester. Nunca o "young soccer" do treinador francês foi tão questionado.

Contrariando a lógica dos grandes clubes do cenário europeu, o Arsenal há anos vem adotando a filosofia de contratar jogadores jovens que tem qualidade destacada dos demais, ao invés de atletas renomados. Isso levou o clube, nos últimos anos, a ter um futebol mundialmente reconhecido como um dos mais bem jogados. As equipes montadas por Wenger são ágeis e talentosas, porém não aparenta ser esse o caso do elenco atual. Com a mesma média de idade do time do Man U (23 anos), os Gunners levaram a maior goleada de sua história para os Red Devils. Ao que parece, só a referida união poderá salvar o time da capital de uma temporada vergonhosa neste ano.

Os Gunners, que já tinham um setor defensivo muito fraco, perderam sua força no meio-campo com as saídas de Fàbregas e Nasri - estrelas da equipe. O último, além de enfraquecer o time com sua saída, reforçou um rival da Premier League, assim como fez Gael Clichy, lateral-esquerdo.

Pior do que a relutância de Wenger em gastar as cifras milionárias que tem à sua disposição (só com as vendas eram cerca de 60 milhões de libras), é a aparente falta de organização para gerir o plantel este ano. Dois dos principais jogadores do time saíram já no mês de agosto, terminada a pré-temporada. Um deles (Cesc Fàbregas) era o capitão. Como um time que ambiciona títulos pode vender seu astro na metade de agosto? Aliás, foi por querer títulos que Samir Nasri disse ter decidido sair da equipe londrina.

Arsene Wenger: 6 anos sem conquistas e muita pressão em torno de seu "young soccer".
No Manchester City, ele continuará atuando ao lado de Clichy, lateral-esquerdo de 26 anos que deixou os Gunners para que Kieran Gibbs, 21, pudesse desenvolver seu potencial e herdasse a posição. Até aí tudo bem. Prevalecia o pensamento que Wenger vem estruturando no clube. Porém, o treinador francês, de última hora, acertou a contratação do lateral brasileiro André Santos, 28, pelo mesmo valor que recebeu com a venda do antigo titular. A transferência soou como um ato de desespero em relação à situação do clube e contrariou a coerência do técnico francês. André Santos não é mal jogador, mas não merece - pelo menos até o momento - a titularidade do Arsenal. Além disso, não vale a mesma quantia que Clichy. Ou os Gunners venderam muito barato o ex-jogador da equipe, ou pagaram alto para contar com o brasileiro.

A contratação de André Santos não foi a única que movimentou o último dia da janela de transferências, recém encerrada. Sim, o Arsenal efetuou diversas contratações em cima da hora, aos "45 do segundo tempo", o que reflete o mal planejamento do clube. Park Chu-Young (Mônaco, 26, atacante), Mikel Arteta, (Everton, 29, meio-campo), Per Mertesacker (Werder Bremen, 26, zagueiro) e Yossi Benayoun  (Chelsea, 31, meio-campo) juntaram-se ao ex-Fenerbaçhe no dia 31 de agosto. Nota-se que nenhum dos atletas citados é jovem, no perfil que agrada Arsene. Dentre os 9 contratados na época, 1/3 deles, apenas, corresponde à filosofia do francês. São eles: Joel Campbell (19), Alex Oxlade-Chamberlain (18) e Jenkison (19).

O fracasso dos Gunners em trazer novos jogadores também não pode passar despercebido. Eljero Elia, 24, meia-atacante que estava sendo especulado no time londrino acabou assinando pelo Juventus-ITA (9 milhões de euros). Wenger, surpreendentemente, ofereceu 40 milhões de euros por outro meia-atacante, o jovem Mario Götze, 19, sensação do futebol alemão, revelação do Borussia Dortmund que chegou a fazer gol na Seleção Brasileira no amistoso de Stuttgart. Os alemães seguraram o atleta. Por fim, um terceiro fracasso foi a tentativa de retirar Gourcouff, 25, formado no Milan-ITA, do Lyon-FRA. Gilles Grimandi (olheiro), também no último dia de janela aberta, ligou para os franceses para saber da disponibilidade de empréstimo do jogador. A história que ocorreu com Kaká se repetiu.

Sem dúvida alguma Wenger é um grande treinador, mas há 6 anos não conquista um título. Assim como o comandante, o Arsenal é grande e amarga os mesmos 6 anos sem conquistas. Arsene tem apenas a opção de mudar esse caminho e reverter os acontecimentos. Em 3 jogos da Premier League, os Gunners perderam dois e empataram um (1 ponto de 9 disputados). Por pouco se classificaram para a fase de grupos da Copa dos Campeões. A desordem é tão grande que não dá para culpar, inteiramente, a saída de Fàbregas por toda a crise que gira o Emirates. O meia trocou 8 anos de Arsenal e 2 títulos, por 8 dias de Barcelona e 2 títulos.