Contrariando a lógica dos grandes clubes do cenário europeu, o Arsenal há anos vem adotando a filosofia de contratar jogadores jovens que tem qualidade destacada dos demais, ao invés de atletas renomados. Isso levou o clube, nos últimos anos, a ter um futebol mundialmente reconhecido como um dos mais bem jogados. As equipes montadas por Wenger são ágeis e talentosas, porém não aparenta ser esse o caso do elenco atual. Com a mesma média de idade do time do Man U (23 anos), os Gunners levaram a maior goleada de sua história para os Red Devils. Ao que parece, só a referida união poderá salvar o time da capital de uma temporada vergonhosa neste ano.
Os Gunners, que já tinham um setor defensivo muito fraco, perderam sua força no meio-campo com as saídas de Fàbregas e Nasri - estrelas da equipe. O último, além de enfraquecer o time com sua saída, reforçou um rival da Premier League, assim como fez Gael Clichy, lateral-esquerdo.
Pior do que a relutância de Wenger em gastar as cifras milionárias que tem à sua disposição (só com as vendas eram cerca de 60 milhões de libras), é a aparente falta de organização para gerir o plantel este ano. Dois dos principais jogadores do time saíram já no mês de agosto, terminada a pré-temporada. Um deles (Cesc Fàbregas) era o capitão. Como um time que ambiciona títulos pode vender seu astro na metade de agosto? Aliás, foi por querer títulos que Samir Nasri disse ter decidido sair da equipe londrina.
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Arsene Wenger: 6 anos sem conquistas e muita pressão em torno de seu "young soccer". |
A contratação de André Santos não foi a única que movimentou o último dia da janela de transferências, recém encerrada. Sim, o Arsenal efetuou diversas contratações em cima da hora, aos "45 do segundo tempo", o que reflete o mal planejamento do clube. Park Chu-Young (Mônaco, 26, atacante), Mikel Arteta, (Everton, 29, meio-campo), Per Mertesacker (Werder Bremen, 26, zagueiro) e Yossi Benayoun (Chelsea, 31, meio-campo) juntaram-se ao ex-Fenerbaçhe no dia 31 de agosto. Nota-se que nenhum dos atletas citados é jovem, no perfil que agrada Arsene. Dentre os 9 contratados na época, 1/3 deles, apenas, corresponde à filosofia do francês. São eles: Joel Campbell (19), Alex Oxlade-Chamberlain (18) e Jenkison (19).
O fracasso dos Gunners em trazer novos jogadores também não pode passar despercebido. Eljero Elia, 24, meia-atacante que estava sendo especulado no time londrino acabou assinando pelo Juventus-ITA (9 milhões de euros). Wenger, surpreendentemente, ofereceu 40 milhões de euros por outro meia-atacante, o jovem Mario Götze, 19, sensação do futebol alemão, revelação do Borussia Dortmund que chegou a fazer gol na Seleção Brasileira no amistoso de Stuttgart. Os alemães seguraram o atleta. Por fim, um terceiro fracasso foi a tentativa de retirar Gourcouff, 25, formado no Milan-ITA, do Lyon-FRA. Gilles Grimandi (olheiro), também no último dia de janela aberta, ligou para os franceses para saber da disponibilidade de empréstimo do jogador. A história que ocorreu com Kaká se repetiu.
Sem dúvida alguma Wenger é um grande treinador, mas há 6 anos não conquista um título. Assim como o comandante, o Arsenal é grande e amarga os mesmos 6 anos sem conquistas. Arsene tem apenas a opção de mudar esse caminho e reverter os acontecimentos. Em 3 jogos da Premier League, os Gunners perderam dois e empataram um (1 ponto de 9 disputados). Por pouco se classificaram para a fase de grupos da Copa dos Campeões. A desordem é tão grande que não dá para culpar, inteiramente, a saída de Fàbregas por toda a crise que gira o Emirates. O meia trocou 8 anos de Arsenal e 2 títulos, por 8 dias de Barcelona e 2 títulos.
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