terça-feira, 6 de setembro de 2011

Sobreviverão?

A frase "Sobreviveremos sem Fàbregas se estivermos unidos.", de Arsene Wenger, ainda gera grande desconfiança quanto a sua veracidade. Principalmente, depois de o time londrino ter sofrido a emblemática derrota de 8x2 para os rivais de Manchester. Nunca o "young soccer" do treinador francês foi tão questionado.

Contrariando a lógica dos grandes clubes do cenário europeu, o Arsenal há anos vem adotando a filosofia de contratar jogadores jovens que tem qualidade destacada dos demais, ao invés de atletas renomados. Isso levou o clube, nos últimos anos, a ter um futebol mundialmente reconhecido como um dos mais bem jogados. As equipes montadas por Wenger são ágeis e talentosas, porém não aparenta ser esse o caso do elenco atual. Com a mesma média de idade do time do Man U (23 anos), os Gunners levaram a maior goleada de sua história para os Red Devils. Ao que parece, só a referida união poderá salvar o time da capital de uma temporada vergonhosa neste ano.

Os Gunners, que já tinham um setor defensivo muito fraco, perderam sua força no meio-campo com as saídas de Fàbregas e Nasri - estrelas da equipe. O último, além de enfraquecer o time com sua saída, reforçou um rival da Premier League, assim como fez Gael Clichy, lateral-esquerdo.

Pior do que a relutância de Wenger em gastar as cifras milionárias que tem à sua disposição (só com as vendas eram cerca de 60 milhões de libras), é a aparente falta de organização para gerir o plantel este ano. Dois dos principais jogadores do time saíram já no mês de agosto, terminada a pré-temporada. Um deles (Cesc Fàbregas) era o capitão. Como um time que ambiciona títulos pode vender seu astro na metade de agosto? Aliás, foi por querer títulos que Samir Nasri disse ter decidido sair da equipe londrina.

Arsene Wenger: 6 anos sem conquistas e muita pressão em torno de seu "young soccer".
No Manchester City, ele continuará atuando ao lado de Clichy, lateral-esquerdo de 26 anos que deixou os Gunners para que Kieran Gibbs, 21, pudesse desenvolver seu potencial e herdasse a posição. Até aí tudo bem. Prevalecia o pensamento que Wenger vem estruturando no clube. Porém, o treinador francês, de última hora, acertou a contratação do lateral brasileiro André Santos, 28, pelo mesmo valor que recebeu com a venda do antigo titular. A transferência soou como um ato de desespero em relação à situação do clube e contrariou a coerência do técnico francês. André Santos não é mal jogador, mas não merece - pelo menos até o momento - a titularidade do Arsenal. Além disso, não vale a mesma quantia que Clichy. Ou os Gunners venderam muito barato o ex-jogador da equipe, ou pagaram alto para contar com o brasileiro.

A contratação de André Santos não foi a única que movimentou o último dia da janela de transferências, recém encerrada. Sim, o Arsenal efetuou diversas contratações em cima da hora, aos "45 do segundo tempo", o que reflete o mal planejamento do clube. Park Chu-Young (Mônaco, 26, atacante), Mikel Arteta, (Everton, 29, meio-campo), Per Mertesacker (Werder Bremen, 26, zagueiro) e Yossi Benayoun  (Chelsea, 31, meio-campo) juntaram-se ao ex-Fenerbaçhe no dia 31 de agosto. Nota-se que nenhum dos atletas citados é jovem, no perfil que agrada Arsene. Dentre os 9 contratados na época, 1/3 deles, apenas, corresponde à filosofia do francês. São eles: Joel Campbell (19), Alex Oxlade-Chamberlain (18) e Jenkison (19).

O fracasso dos Gunners em trazer novos jogadores também não pode passar despercebido. Eljero Elia, 24, meia-atacante que estava sendo especulado no time londrino acabou assinando pelo Juventus-ITA (9 milhões de euros). Wenger, surpreendentemente, ofereceu 40 milhões de euros por outro meia-atacante, o jovem Mario Götze, 19, sensação do futebol alemão, revelação do Borussia Dortmund que chegou a fazer gol na Seleção Brasileira no amistoso de Stuttgart. Os alemães seguraram o atleta. Por fim, um terceiro fracasso foi a tentativa de retirar Gourcouff, 25, formado no Milan-ITA, do Lyon-FRA. Gilles Grimandi (olheiro), também no último dia de janela aberta, ligou para os franceses para saber da disponibilidade de empréstimo do jogador. A história que ocorreu com Kaká se repetiu.

Sem dúvida alguma Wenger é um grande treinador, mas há 6 anos não conquista um título. Assim como o comandante, o Arsenal é grande e amarga os mesmos 6 anos sem conquistas. Arsene tem apenas a opção de mudar esse caminho e reverter os acontecimentos. Em 3 jogos da Premier League, os Gunners perderam dois e empataram um (1 ponto de 9 disputados). Por pouco se classificaram para a fase de grupos da Copa dos Campeões. A desordem é tão grande que não dá para culpar, inteiramente, a saída de Fàbregas por toda a crise que gira o Emirates. O meia trocou 8 anos de Arsenal e 2 títulos, por 8 dias de Barcelona e 2 títulos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário