quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O Internazionale de Gasperini

Já faz quase 2 meses que o Inter de Milão não sabe o que é vencer. A última vitória foi no dia 30 de julho, por 2x0, contra o Celtic, em um jogo amistoso. Considerando, apenas, os confrontos válidos por competições nacionais ou européias, tem quase 4 meses (dia 29/05, por 3x1, contra o Palermo). Desconsiderando os amistosos, o time ainda não venceu na temporada e amarga um início catastrófico sob o comando de Gasperini, que adotou o esquema 3-4-3. São 4 derrotas e 1 empate.

30/07 - Amistoso: Internazionale 2 x 0 Celtic
31/07 - Amistoso: Internazionale 0 x 3 Manchester City
06/08 - Supercopa da Itália: Internazionale 1 x 2 Milan
21/08 - Amistoso: Internazionale 2 x 2 Olympiakos
11/09 - Série A: Palermo 4 x 3 Internazionale
14/09 - Copa dos Campeões: Internazionale 0 x 1 Trabzonspor
17/09 - Série A: Internazionale 0 x 0 Roma
20/09 - Série A: Novara 3 x 1 Internazionale

Sob forte pressão, Gasperini não deve durar até a próxima partida do Internazionale.
No jogo de ontem, contra o Novara, os titulares do treinador foram: Júlio César; Chivu, Ranocchia e Lúcio; Nagatomo, Sneijder, Cambiasso e Zanetti; Forlán, Milito e Castaignos. O esquema foi o mesmo das últimas partidas, o 3-4-3. Aquele que Guardiola utilizou contra o Villarreal. A única diferença é que no Barcelona deu certo e no Inter não.

Em um 3-4-3 bem jogado, o zagueiro do centro, o jovem Ranocchia, no caso, contratado por 12,5 milhões de euros junto ao Genoa, jogaria um pouco mais recuado que os demais (na cobertura), os quais avançariam um pouco para marcar à frente. Ou o contrário. O mesmo Ranocchia poderia avançar um pouco, como se fosse um cabeça-de-área, e deixar os outros dois (Chivu, na esquerda, e Lúcio, na direita) mais recuados. Não foi isso que aconteceu. Os 3 defensores jogavam em linha e, constantemente, levavam bola nas costas (linha defensiva alta). O goleiro Júlio César era quem tinha que se antecipar e fazer o papel de líbero para cobrir os espaços deixados atrás de sua zaga.

O meio-campo do Barcelona que obteve sucesso foi formado em losango, com Keita mais atrás protegendo a zaga. Fàbregas na esquerda, T. Alcântara na direita e Iniesta à frente. No Inter, as mesmas funções deveriam ficar distribuídas, respectivamente, para Cambiasso, Nagatomo, Zanetti e Sneijder. No entanto, os jogadores do time italiano não tiveram a mesma facilidade que os barcelonistas de se adequar às novas funções, o que evidencia o grande trabalho que Guardiola vem fazendo. Em um esquema que a capacidade de desempenhar várias funções é imprescindível, o Internazionale não se mostra capaz de ir adiante. Seu elenco não está acostumado à tanta versatilidade. Já o Barça vem implantando essa filosofia há alguns anos até que atingiu o nível exemplificado na estréia do Espanhol.

A falta de entrosamento foi notável. A equipe errava muitos passes e não criava jogadas de perigo. No gol, foram 9 finalizações do Novara contra 2 do Internazionale. O time estava completamente desorganizado em campo com a formação adotada.

A dupla de "volantes" Sneijder e Cambiasso parecia perdida. Os dois erravam muitos passes e não sabiam onde se posicionar. O primeiro não conseguia nem marcar, nem criar as jogadas. Enquanto isso, o esquema 4-3-3 do adversário dava muito trabalho. Com 3 atacantes - dois deles bem abertos (Marimoto e Meggiorini) - o Novara criava situações de um contra um e explorava bem a linha defensiva alta adversária. Observe nos melhores momentos abaixo:


É perceptível, também, a incapacidade dos meias que ocupam as pontas de cobrir os flancos. Assim, as laterais se tornavam avenidas propícias para os adversários atacarem, originando situações de perigo. O 3º gol, originado na direita, em jogada de Marimoto é um claro exemplo. Nagatomo e Zanetti não acompanhavam o suficiente e o trabalho de marcação estava sobrecarregado em cima dos meias centrais, os quais não conseguiam se encaixar. O inter ficou em inferioridade numérica no ataque, meio e defesa, pois o rival era muito mais organizado defensiva e ofensivamente. Veja na foto abaixo como Sneijder e Cambiasso retornam sobrecarregados. Os jogadores dos flancos não chegam nem a aparecer na foto. Ao mesmo tempo, Lúcio (o zagueiro que está mais em cima da imagem) está muito longe do atacante na entrada da área.


Com a série de resultados ruins e o time jogando mal (8 jogos, 15 gols sofridos, 9 marcados), perdendo para um modesto Novara, que não atuava na Série A desde a década de 50, e - em casa - para o Trabzonspor, parece muito provável que Gasperini mude a tática da equipe, pois está óbvio que seus comandados não estão respondendo da forma correta sob esta formação. Isso, é claro, se ele durar até a próxima partida. E parece provável que não dure. Como o próprio Moratti falou: "Gasperini não tem o time na mão".

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